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  • 05.04.2019 - 07:14

    Tire suas dúvidas sobre sexo na gravidez


    A gravidez é um período de mudanças físicas e psicológicas que geram uma série de dúvidas para as mulheres e seus parceiros. Além dos novos hábitos alimentares, ansiedade com a chegada do bebê e alguns desconfortos, é preciso atenção para não deixar a vida sexual de lado. Afinal, fazer sexo durante a gravidez pode machucar o feto? Quais as melhores posições sexuais durante a gestação? É verdade que o desejo diminui nessa fase? Para responder essas e outras dúvidas, o Terra conversou com especialistas no assunto e descobriu que fazer sexo nos meses que antecedem o parto não é um bicho de sete cabeças. Confira a seguir.

     

    O sexo durante a gravidez é seguro e liberado?
    Sim, Se for uma gravidez normal, o sexo é seguro, liberado e recomendado. “Existem trabalhos científicos que mostram que o sexo é bem vindo na gravidez, tanto fisicamente como emocionalmente. A gestação ocorre durante o exercício da sexualidade e por isso, manter esse exercício é manter um vínculo efetivo do casal”, explica ginecologista, obstetra e sexóloga Ana Paula, do Hospital São Camilo.

    De acordo com a ginecologista, se você restringir a sexualidade durante esses nove meses, acaba limitando o relacionamento. “Por isso, quando o obstetra contraindica, é importante que ele mostre que existem maneiras de ter uma relação sexual sem penetração justamente para não acabar com essa troca de olhares e carinho”.

    O desejo pode diminuir ou aumentar com a gestação?
    Sim. A mulher passa por várias fases durante a gravidez, com mudanças físicas e emocionais.

    Até o 3º mês: nesse período, há uma diminuição do desejo por uma questão física, hormonal e psicológica. Com as mudanças hormonais, o corpo responde muitas vezes com náuseas, cansaço, inchaço, sono e situações que dificultam as relações. Além disso, a ansiedade, insegurança e medo de perda também influenciam. “O aborto espontâneo é uma condição mais comum no primeiro trimestre. Existe o mito de que a sexualidade favorece essa perda. Apesar de não ser verdade, a partir do momento em que a mulher descobre a gravidez, só deve ter relações quando for liberada por um médico”, orienta Ana Paula.

    Do 3º ao 6º mês: nessa fase, a sexualidade melhora em 80%. Isso porque, os desconfortos do primeiro trimestre diminuem, aumenta a disposição, melhora a autoestima, os seios crescem e a pele e o cabelo ficam mais bonitos. Além disso, há uma adaptação com as mudanças hormonais e a mulher começa a sentir movimentação do feto, o que melhora a confiança na gestação.

    Do 6º ao 9º mês: o final da gravidez é marcado por inchaço, limite máximo físico, cansaço e ansiedade com a chegada do bebê. Nessa fase, o melhor é conversar com o parceiro e entender os limites de cada um. “O histórico de sexualidade também influencia. Existem as alterações físicas e hormonais, mas a mulher que tem uma familiaridade menor com o sexo ou não aprendeu a gostar, vai ter a gravidez como pretexto para deixar de se envolver com o parceiro”, explica a terapeuta sexual Walkíria Fernandes.

    É verdade que o pênis pode machucar o bebê?
    Não. Durante a relação, o pênis é introduzido no canal vaginal enquanto o embrião fica na cavidade intrauterina, protegido por uma bolsa de líquido amniótico. Da cavidade do útero até o canal vaginal, tem o colo uterino. Então não é possível que o pênis tenha contato com o bebê.

    O orgasmo pode estimular o parto?
    Não, desde que a gravidez esteja em condições normais. Essa dúvida pode surgir porque durante o fim do segundo trimestre e começo do terceiro, é comum que as mulheres tenham contrações após fazer alguns exercícios. “São chamadas de contrações de Braxton Hicks e não são dolorosas. Como as mulheres percebem após a relação, podem achar que o sexo faz mal, mas não é verdade”, explica Ana Paula.

    Quais problemas podem restringir a vida sexual da grávida?
    Sangramento é o primeiro sinal vermelho. Se a gestante tiver perda de sangue precisa evitar a relação até orientação médica. Outros fatores que restrigem a vida sexual durante a gravidez são incompetência istmo cervical - quando o colo fica aberto e pode provocar aborto -, rotura de bolsa – que diminui a proteção do feto -, e deslocamento prematuro da placenta. “Há também fatores relativos, como infecções urinárias, viroses, quadros em que a paciente precisa fazer repouso, preparo para exames do pré-natal, depressão ou anemia. Nesses casos, pode namorar, mas o pênis não pode penetrar na vagina. As carícias e masturbação estão liberadas”, aconselha Ana Paula.

    Quais as melhores posições sexuais?
    Cada casal tem um hábito sexual, mas durante a gravidez é preciso procurar posições que não prejudiquem a mulher ou causem desconforto. “O importante é não fazer peso na barriga e não escolher posições em que o encaixe é mais profundo, como a de quatro”, aconselha Walkíria. Por isso, a mais recomendada é a posição de lado, em que a mulher pode ter a ajuda de um travesseiro para apoiar a barriga e consegue controlar a penetração.

    O sexo anal é proibido durante a gravidez?
    O sexo anal não é proibido durante o período gestacional, mas merece cuidado redobrado porque aumenta o risco de infecções. Portanto, o indicado é sempre usar preservativo e lubrificante. “Outra dica importante é beber muita água e fazer xixi antes e depois da relação, tanto o homem quanto a mulher. Isso ajuda a manter a via urinária limpa e evita problemas”, afirma Ana Paula.

    É mais difícil ter orgasmo durante a gravidez?
    Sim. No geral, as mulheres têm mais dificuldade para relaxar e atingir o orgasmo durante a gravidez, mas não é uma regra. “O contrário também pode acontecer. Algumas mulheres têm orgasmo pela primeira vez durante esse período. Normalmente, aquelas que tiveram medo de engravidar a vida toda aproveitam essa fase para relaxar mais no sexo”, conta a obstetra.

    Como lidar com as mudanças físicas para se sentir sexy durante a gravidez?
    Algumas mulheres se incomodam com os quilinhos a mais, as mudanças do corpo e se sentem menos sexy durante a gravidez. Nessa hora, o melhor é se identificar com a situação e incorporar a nova identidade. “Gravidez não é doença, mas altera os hormônios e traz mudanças. O seio passa a ser peito, a barriga cresce, mas é temporário. É importante entender que esse é um período transitório e que ela está usufruindo do corpo de outra forma, para gerar uma vida”, aconselha Walkíria.

    Quando voltar a ter relações após o parto?

    Tudo depende da via de parto e do pós-operatório. No geral, as mulheres estão liberadas para as relações sexuais cinco semana após o nascimento do bebê. Nessa fase, segundo Ana Paula, é importante que a mulher escolha as posições e o parceiro respeite os limites, porque o hormônio que produz leite diminui a lubrificação vaginal. (TERRA)